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RESOLUÇÃO 015/2024 DE CONJUNTURA E TÁTICA ELEITORAL ESTADUAL



As eleições de 2024 já podem ser definidas com as prévias para as eleições de 2026, devendo ser lidas como um termômetro sobre a correlação das forças políticas no Brasil, que hoje se divide em três grandes blocos. A extrema direita, que segue sendo liderada pelo bolsonarismo, mas que já começa a buscar alternativas eleitorais, tendo em vista as derrotas sofridas no campo judicial. Outra força importante é a centro-esquerda que se apoia na figura de Lula e segue sendo o campo possível de atuação do PSOL, desde que mantendo sua independência e capacidade crítica frente ao Governo Federal, suas vacilações e medidas que vão de encontro ao programa de mudanças eleito em 2022. Por fim, a direita tradicional, capitaneada por partidos do centrão, como MDB, PP, Avante, União Brasil, Podemos, dentre outros, liderados no congresso federal por Arthur Lira e que, apesar da direita tradicional compor ministérios do governo federal, atua política e ideologicamente no congresso e na sociedade enfraquecendo as demandas populares, fortalecendo a extrema direita. 


A Bahia é um estado de grande proporções territoriais e com um número significativo de cidades, o que se traduz em enormes desafios para os processos eleitorais. O estado está dividido em 6 mesorregiões, cada uma com, ao menos, uma grande cidade polo que influencia com grande peso a política regional. Essa caracterização geográfica apresenta o grau de dificuldade que será para o PSOL BA apresentar um projeto político unificado que dê conta de superar os problemas existentes nos municípios baianos. Em que pese a extrema direita ter uma presença ainda reduzida no Estado, não deve ser desprezada e precisa ser combatida em todas as cidades em que esteja presente. Onde a derrota desse setor for possível nessas eleições, não nos furtaremos em construir alianças mais ao centro, de modo tático e isolado, sempre mantendo nossa independência de crítica e atuação nesses municípios.


Por outro lado, a Direita Tradicional tem um peso relevante no estado e derrotá-la deve ser nosso maior desafio, em especial nas dez maiores cidades do Estado. Essas são dirigidas por coalizões de direita e/ou conservadoras, com a exceção de Lauro de Freitas, que é dirigida por uma colizão moderada, liderada pelo PT. Não bastasse o peso de ter as maiores prefeituras do Estado, parte desta Direita é orgânica no governo de coalizão estadual construído pelo PT, o que produz distorções nas cidades médias.


PAPEL DO PSOL NAS CIDADES COM DOIS TURNOS

Em Salvador, teremos Candidatura própria - Kleber Rosa candidato a Prefeito e Dona Mira candidata a Vice-Prefeita - que tem o papel de apresentar um programa de esquerda que ajude na disputa para impor a primeira derrota ao Carlismo em quase 20 anos na capital. Apesar de não haver perspectivas de alianças para além da federação, a nossa candidatura tem ganhado expressão social e pode desempenhar um papel importante no cenário eleitoral, que deve resultar em um fortalecimento da nossa chapa proporcional, que, em 2024, sairá completa, com 70% das vagas indicadas pelo PSOL.


A polarização entre “lulismo x bolsonarismo”, marcada em vários centros urbanos do estado, não se concretiza nas principais candidaturas que disputam as eleições na capital baiana. O bolsonarismo, liderado por João Roma, não confirmou sua candidatura e apoia a reeleição de Bruno Reis. O atual prefeito, do União Brasil, é a representação legítima da elite aristocrática e racista de Salvador, dando sequência às gestões de ACM Neto, que, apesar de responsáveis diretos e legítimos dos males que afetam a vida da população soteropolitana, gozam de boa popularidade, dado todo aparato midiático e máquina governamental. Ainda assim, a tragédia do transporte público em Salvador é algo intransponível na opinião do povo, bem como a falta de creches, o desemprego e a violência urbana crescente.


Geraldo Júnior, do MDB, disputa o espaço do lulismo, por ser o atual vice-governador de Jerônimo Rodrigues (PT), ter como vice Fabya Reis (PT) e angariar o apoio formal de Lula. Apoio que, cabe ressaltar, ainda não se concretizou em declarações públicas do Presidente. Geraldo encontra dificuldade em se afirmar como uma candidatura progressista, dado o seu histórico de direção política do projeto carlista em Salvador, nos últimos 12 anos; ser o pupilo de Geddel Vieira Lima; e construir o campo carlista por 10 anos no estado, ocupando postos de elaboração programática e direção política, também como presidente da câmara municipal de Salvador. Além disso, tem em sua trajetória o fato de ter apoiado Bolsonaro em 2018 e concedido condecoração a Eduardo Bolsonaro na câmara de vereadores, em 2020, quando era presidente da casa, fazendo elogios ao clã que comanda a extrema-direita no país. 


Diante desse cenário, a candidatura do PSOL em Salvador, ao se postular como a única candidatura de esquerda capaz de fazer os grandes debates da cidade, se fortalece como alternativa para parte significativa do eleitorado de esquerda. Isso poderia viabilizar a ampliação do PSOL na Câmara de Vereadores da capital, algo que seria inédito para o partido. Essa possibilidade eleitoral segue ameaçada dentro da Federação, com o risco de elegermos uma candidatura da REDE, que se utiliza da máquina do Governo Estadual na disputa eleitoral e não apresenta nenhum sinal de que cumpriria a tarefa de ser a parte da vocalização de um projeto de esquerda na Câmara de Vereadores de Salvador. 


A Bahia, para além da capital, tem apenas três cidades com mais de 200 mil eleitores. Cidades essas que terão dois turnos nas eleições, sendo elas: Camaçari, Vitória da Conquista e Feira de Santana. As três são governadas pela direita, sendo as duas primeiras, pelo União Brasil, e Feira de Santana, pelo MDB e suas alianças com setores ainda mais conservadores, além da máquina a serviço de eleger um sucessor. Nestas cidades, os setores mais organizados da classe trabalhadora e a vanguarda política que se referencia no PSOL, têm a expectativa de derrotar a direita. Por isso, defendem frentes de esquerda nas eleições, sendo lideradas por figuras históricas do PT nas cidades - Zé Neto, Waldenor Pereira e Luiz Caetano, respectivamente, de Feira de Santana, Vitória da Conquista e Camaçari. O PSOL, portanto, nestas três cidades, irá apoiar candidaturas do PT, todas com nomes que já estiveram em gestões anteriores e que podem vencer ainda no primeiro turno.



MANTER E AMPLIAR A BANCADA

Na Bahia, a bancada de vereadoras e vereadores do PSOL BA é ainda pequena, contudo, combativa e tem se mostrado um importante instrumento de vocalização das lutas sociais, cumprindo o papel estratégico que nos foi imposto pela conjuntura. Salvador e Feira de Santana, com a mandata coletiva Pretas Por Salvador e o mandato de Jhonatas Monteiro, respectivamente, são, por óbvio, as cidades em que alcançamos maior visibilidade, mas há uma bancada firme que conta com: Danilo Santana (Santa Terezinha),  Ednei Ferreiras (Ituaçu), Gutemberg (Gongogi), Noedson (Ouriçangas), e Osvaldo Nery (Aurelino Leal), em que cumprimos um papel importantíssimo de enfrentar as oligarquias locais, mantendo-se firmes na defesa das pautas caras à maioria do povo. Reeleger nossa bancada é uma tarefa prioritária. 


Para além de garantir a manutenção dos nossos mandatos nas cidades em que temos parlamentares, precisamos avançar no sentido de orientar nossos processos municipais, com especial atenção às cidades menores, para o desafio de eleger outros tantos mandatos combativos, com perfil diverso e conectado com o PSOL e as demandas populares.



Bahia, 16 de julho de 2024



Diretório Estadual do Partido Socialismo e Liberdade


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