Bahia, 19 de março de 2024
A extrema direita brasileira, apesar de ameaçada e sofrer derrotas importantes, mostrou que ainda tem força e segue no sentido de ampliar seu fôlego, como também se manifesta no cenário internacional, vide o ressurgir de Trump nas eleições dos EUA e o genocídio vivenciado pelo povo Palestino em Gaza, comandado por Netanyahu e partidos conservadores. Por aqui, vimos isso se materializar no ato do dia 25 de fevereiro, chamado por Bolsonaro e com a adesão de governadores, senadores e parlamentares. Bolsonaro mantém, contra qualquer amparo na realidade, uma sólida base de apoio que devemos encarar como um risco permanente à democracia e aos direitos sociais. Na Bahia, apesar de proporcionalmente menor que no resto do país, estes ainda representam-se como uma ameaça eleitoral, política e social a ser batida, especialmente nas cidades em que Bolsonaro ganhou, em 2022, aqui no Estado.
A Bahia foi parte fundamental da vitória política e eleitoral de Lula em 2022. Salvador foi a capital do Brasil com maior votação percentual para a derrota de Bolsonaro e a Federação PSOL/REDE soube colocar-se como linha de frente da candidatura de Lula na Bahia sem renunciar às críticas profundas aos 17 anos de governos do PT no estado. Portanto deve cumprir novamente um papel destacado na luta para que o programa de mudanças eleito nas urnas seja implementado e na luta contra a extrema direita, fazendo ecoar o grito: Sem anistia aos golpistas!
Já há muito tempo o Estado da Bahia escolheu um modelo de segurança pública que humilha, encarcera e mata a população negra e periférica, o que faz que a política baiana seja a mais letal do Brasil quando se trata de pretos. Os 17 anos anos da coalizão liderada pelo PT foi incapaz de reduzir esse quadro, ao contrário, a escolha por este cenário tem sido reafirmado cotidianamente, os garotos que hoje morrem na mira do Estado já nasceram na era petista e por tanto são e a lógica do ciclo de ausências. A federação PSOL REDE discorda do modelo de segurança pública do governo do PT, que encarcera milhares de jovens negros, e que impõem uma política genocida vitimizando milhares de jovens na periferia, com o argumento de combate às drogas.
No serviço público nos deparamos com a desvalorização e duros ataques aos servidores e servidoras, com a não priorização da educação pública sucateando as Universidades, escolas estaduais, criminalizando os professores em greve/paralização e culpabilizando-os pelo alto índice de reprovação (resultado da ineficiente política educacional dos últimos anos), além de executar uma política de militarização das escolas públicas, sem deixar de destacar os assassinatos de lideranças de povos e comunidades tradicionais na Bahia.
Vivemos em um momento de intensificação da crise climática mundial, consequência de um sistema nefasto, que se sustenta pela superexploração da imensa maioria da população e seus territórios, exaurindo os recursos naturais nas suas diferentes escalas. Contudo, o governo petista segue priorizando o diálogo com o agronegócio e a mineração, em detrimento da proteção do meio ambiente, das águas e das populações camponesas, indígenas e quilombolas. além da completa falta de avanço no que trata da questão dos resíduos sólidos e do saneamento que ainda continuam sem a implementação de um zoneamento ecológico-econômico (ZEE).
A Federação PSOL/REDE acertou ao lançar candidatura própria, assim como acertou ao apoiar o campo liderado pelo PT, no segundo turno de 2022, por compreender que o retorno do carlismo ao governo estadual representaria um retrocesso maior. Contudo o canal de diálogo programático aberto junto ao Governo, infelizmente, não se traduziu na escuta às demandas sociais apontadas pelos movimentos. Diante desse cenário, fortalecendo o compromisso com o povo do nosso estado e nossa aliança estratégica com os movimentos sociais, a Federação PSOL/REDE na Bahia mantém sua posição de independência em relação ao Governo do Estado.
Neste sentido, seguiremos nas ruas, portas de empresas, escolas, universidades e territórios outros, lutando em defesa dos interesses da classe trabalhadora, da juventude, dos povos indígenas, dos quilombolas, das mulheres e do povo negro. Apoiaremos medidas que atendam os interesses populares e combateremos as que lhes retiram o direito a uma vida digna e plena.
A Federação PSOL/REDE Bahia deve priorizar duas tarefas em 2024, que gozam do mesmo grau de prioridade, uma é fortalecer os partidos dessa federação nos municípios, apresentando candidaturas próprias nas cidades baianas, tanto no executivo como no legislativo. Oportunidade para apresentar um programa à esquerda para os municípios e acumular forças para sobreviver à cláusula de barreira em 2026. Dentro dessa mesma tarefa, cabe ampliar a nossa bancada, priorizando a disputa no parlamento e na composição de chapas que se apresentem como alternativa real à sociedade, com potencial eleitoral e qualidade política. A segunda tarefa é impedir o avanço do Bolsonarismo e do Carlismo. Para isso, alternativamente, onde for necessário e possível, devemos nos colocar como parte de um campo democrático e progressista, resguardando nosso lugar de independência, no fortalecimento das candidaturas que melhor se articulam neste sentido.
Punição aos golpistas!
Sem anistia!
Palestina livre e soberana!
Direção Estadual da Federação PSOL/REDE na Bahia
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